terça-feira, 25 de maio de 2010

Falando sobre Basquete

Mar del Plata é a sede do pré-olímpico de Basquete de 2011. Muitos ao lêem isto pensarão: “e daí?” O problema é que o Rio de Janeiro também era candidata a sediar a competição. Frente a esta afirmação muitos ainda pensarão: “nada demais”. No entanto, o Rio de Janeiro, acaba de sediar os jogos pan-americanos, e foi escolhida como sede olímpica de 2016. Ressalte-se ainda, que o Rio de Janeiro tem sediado diversos eventos esportivos internacionais nos últimos anos, como por exemplo: o Air Race, a F1 dos mares, o Grand Slam de Judo e o Rio Vert Jam (etapa do mundial de Sk8). Ou seja, definitivamente o Rio de Janeiro anda em evidência no cenário esportivo internacional.

No entanto, tamanha exposição da cidade, que em determinado momento foi celebrada como garantia de favoritismo na disputa, acabou se mostrando sem tanta influencia.

De fato não temos muito acesso aos aspectos que levaram à escolha da cidade argentina como sede da competição, no entanto, pelo que se conhece da FIBA a equação Basquete + Popularidade = Sucesso, costuma ter papel decisivo em suas escolhas. Só para se ter uma idéia, no mundial de basquete que ocorrerá agora em agosto na Turquia, algumas das seleções que participarão da competição, não conseguiram garantir suas vagas dentro das quadras. Contudo, a FIBA reservou vagas a estes paises em virtude dos fatores supracitados.

Diante disto, não tenho dúvidas, que a derrota do Rio de Janeiro por 13 a 3 o mesmo critério foi utilizado. Afinal, a cidade que serve como sede de todos os eventos já citados, e conta com HSBC Arena e Maracanãzinho como palco para competição, não pode ter sido preterida em virtude de falta de condições técnicas para sediar o evento.

Como bem observou Rodrigo Alves em seu blog (rebote.blogspot.com), não há dúvidas que o sucesso do esporte em nosso vizinhos e nosso histórico recente de bagunça generalizada pesaram na escolha da sede.

Não há como negar o trabalho bem feito na popularização e organização do esporte na Argentina, nem na importância que a geração de Manu Ginobili e Luis Scola tem no cenário internacional. Definitivamente, o palco do Pré-olímpico pode não ser o mais badalado, o mais bonito, o mais desejado, mas sem dúvida é o melhor.

Novamente, a minha afirmativa irá despertar a curiosidade de alguns, mas digo isso, porque, levaremos a competição mais importante do ano, no basquete ao país que melhor tem cuidado do basquete dentro e fora das quadras, no continente.

Alguns ainda dirão: “mas o Brasil melhorou muito, na organização do basquete nacional, a criação do NBB, a “mudança” na CBB, a volta de dialogo com seus principais atletas, a contratação de um técnico de ponta para dirigir a seleção”. Sem dúvidas tudo isso demonstra que o pais também tem cuidado do basquete. Definitivamente, não dá pra negar a mudança no rumo do basquete nacional, que por sinal beirava a falência. No entanto, nossa mentalidade de gestão do esporte ainda é deficiente, muito deficiente, vejamos porque:

Quem pode explicar, como um país, que conta com três jogadores de sucesso na maior liga do mundo, dos quais, um acaba de ser escolhido para seleção defensiva da liga, outro foi um dos mais cotados para os All star game, e o terceiro esta disputando a final da conferencia Oeste, como um pais que conta com tudo isso não acompanha o esporte? E Marcelinho Huertas? Este, a duas temporadas foi escolhido o melhor armador da ACB (liga espanhola, 2ª melhor liga nacional do mundo), no entanto é um verdadeiro desconhecido no Brasil. O mesmo se pode dizer do MVP da ACB e escolhido pra seleção da EuroLiga em 2010, enquanto San Antonio luta com unhas e dentes pra levar o brasileiro pra NBA, Tiago Splinter ainda não tem o devido reconhecimento em sua terra natal.

Alguns tem o mal habito de dizer que a imprensa nacional não tem espaço para outros esportes que não o futebol, entretanto, esta idéia não se sustenta, visto que é comum noticias sobre Thomaz Bellucci entre os 100 melhores do tênis, ou resultados poucos expressivos do atletismo. Porque não falariam sobre o basquete, com um pouco mais de atenção e riqueza de detalhes? A resposta é simples, o basquete trabalha muito mal no marketing em âmbito nacional.

Até mesmo os astros que jogam em terras tupiniquins pouco são explorados, afinal somente a partir da semana passada o rubro-negro, bicampeão nacional passou a ter disponível a camiseta de seu maior astro (Marcelinho). Baby, Murilo, Alex e outros grandes jogadores que desfilam pelas quadras do NBB são muito mal explorados, pela LNB. Se alguns insistem que a TV não dá espaço, como se explica que o sitio do NBB é tão pobre, e que pouco valoriza suas estrelas. A prova disso ocorreu no sábado, quando ocorreu a 1ª partida da final do NBB temporada 2009/2010, porém o HSBC Arena recebeu um público modesto.

A verdade, é que enquanto não tratarmos o esporte com o glamour e a atenção que ele merece, seremos tratados como segundo escalão do esporte aos olhos da FIBA.